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Era um livro velho de gravuras, tão velho que, na gravura que ilustrava a mãe a dar banho à criancinha, a mãe tinha-se esfumado e o bebé que estava ainda na banheira continuava careca ... com umas longas barbas brancas.
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Estive vai não vai para abrir a caixa. A ideia de o fazer tolheu-me a ideia de o fazer.
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As cabrinhas não paravam de espinotear no montículo de areia. Andavam à roda numa fona, uma atrás da outra, às marradinhas no nada.
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A boneca sentia-se enjoada, fenómeno que já se repetia há uns dias e que as pessoas começavam a comentar. A gata, mais sabida, e que não dava ouvidos à voz do povo, preparava-lhe umas tizanas de hortelã do rio para atenuar os enjoos, que a boneca bebia sofregamente, mas que lhe provocava uma vontade constante de urinar. Quando lia as revistas, sentada debaixo do carvalho gigante, as letras e as gravuras bailavam à frente dos olhos, pesava-lhe a cabeça e acabava por ceder ao torpor da sonolência, a revista escorrendo-lhe pelo regaço para o chão, com os dardozinhos de sol que se escavam por entre as frestas da copa do carvalho a amolecerem o seu corpo de trapos.
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A uns quilómetros dali, na outra margem da estrada, o mocho encontrou a criança.
- Olá, criança, o que andas aqui a fazer sozinha? - Perguntou o mocho movido por uma mistura de curiosidade e de ternura.
- Apanho florinhas, senhor mocho. É para dar à minha mãezinha...
- E onde está a tua mãe, criança?
- Está naquele monte - apontou - onde as pessoas ficaram todas a fazer ó-ó no chão quando o tempo se rachou ao meio e apareceu tanta luz.