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Já houve tempos em que havia Verão. Nos dias de hoje, em que os desgovernos da nossa língua o minimizaram, pouco mais tem do que o nome. E, para quem tem memórias, e vive longe dos fogos postos, um nome minguado de significado. De resto, a vida continua. E continuaria, lenta e cheia de rançosa monotonia, não fossem os mais jovens continuamente nos prodigalizarem de preocupações e percalços, os tais cadilhos que abalam o edifício das emoções, já de si tão frágil, e minimizam o cabedal, de si já tão escasso. Hoje trata-se dos seus em idade em que era suposto ser-se por eles tratado. Já não há tempo para ser velho, vive-se em trabalhos forçados de meia-idade, em que a jovialidade e a frescura de ideias se habituaram a conviver com o reumatismo e as outras dores do corpo e da alma.
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Eu sei que hoje foi um dia cansativo de não fazer nada. Dizendo melhor: que ontem foi um dia cansativo de fazer nada.
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Daqui mando este postalito para anunciar que estou em processo de mudança. O URL do blogue no novo domínio é:
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No meu modo de ver as coisas, a espécie animal a que pertencemos, a espécie homo sapiens, criou ao longo da sua história uma supra-realidade, uma realidade-bolha, que transborda a sua realidade material e biológica: a 'humanidade'. A humanidade, como a entendo, não é a espécie biológica, mas uma camada virtual que envolve o substracto biológico com os produtos mentais elaborados nos e pelos cérebros individuais nas suas trocas nos ambientes físico e social. A humanidade assim entendida, não é uma 'coisa' imutável, forjada sub specie aeternitatis: a humanidade do humano é, em sentido colectivo, uma projecção para toda a espécie humana, portanto sempre inacabada, sempre em processo; e, em sentido individual, nem uma vida chega para compreender o que há de humano no presente de cada um de nós, que está aquém e além de cada um de nós.
Ler mais: O sentido geral do que é a agricultura (aut deus... aut natura)
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AS CLASSIFICAÇÕES
A importância de um nome comum ...
Quando ando pelo campo e, por qualquer motivo, uma planta me prende a atenção, a primeira coisa que eu vou querer saber é como se chama essa planta. Não o nome daquele indivíduo concreto, obviamente, mas o do grupo ou classe a que pertence. Não me ocorreria nenhuma razão para dar um nome a esta rosa concreta, ao contrário do que faço com os gatos que são indivíduos e com quem estou familiarizado, mas sei que ela é, pelas suas características únicas, não a rosa, mas uma rosa. Sei que uma pera é uma pera e que uma maçã é uma maçã. Rosas, peras e maçãs são plantas com características muito diferentes e os nomes ajudam a sublinhar e a recordar essas diferenças. Porém, quando oiço falar de uma certa flor pelo seu nome e não associo esse nome a qualquer das flores que eu conheço, podem dar-se vários casos: ou conheço a planta sem nunca ter aprendido o nome, ou conheço a planta mas por um nome diferente, ou reconheço o nome como sendo de uma planta mas nunca vi a planta ou uma representação sua, não sabia de todo que havia uma planta com esse nome.