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Domingo vai haver festa no Sítio do Tremontelo para comemorar os últimos sessenta anos de festas populares. Foram convidadas várias pessoas da família e velhos e novos amigos incluindo alguns blogueiros.
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Sábado (19) vai haver festa no Sítio do Tremontelo para comemorar os últimos quarenta e oito anos de festas das santas da nossa terra.
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Andei aqui com o tio a ver o "site" do Sítio (que complicações nos arranja o Rodrigo!) e não sei ainda como me desenvencilhar da barafunda: se ele escreve estas coisas aqui, que coisas escreverá na agenda dele? É claro que depois as pessoas ficam em suspense: o que teria acontecido naquela semana? E naquele dia na festa? Qual é a importância das portas da horta se os coelhos escavam a terra por baixo da rede de arame?
O Rodrigo lá levou os seus afazeres avante. Garanto-vos que o "bosque" e o recinto das festas estavam praticamente limpos para a festa do S. Pedro, a horta tinha uma porta feita e outra por fazer e a rede de rega não precisava de cuidados nenhuns tirando um relógio que teve que levar pilhas novas.
O dia não estava muito quente de modo que a festa decorreu numa atmosfera muito agradável. E os convidados contribuíram imenso para a criação dessa atmosfera. Estavam todos bem humorados e descontraídos: comeu-se, passeou-se, conversou-se e tirou-se imensas fotografias. Não sei como acabou porque, infelizmente tive que sair mais cedo.
O Rodrigo foi cumulado de prendas (fizera anos a 26) e estava visivelmente emocionado, mesmo sendo pouco dado a emoções, com a solicitude dos presentes (estava um pouco desgostoso com a inesperada ausência dos seus "amigos de Peniche" que tinham, à última da hora, "roído a corda".
Notou-se a presença de alguns bloggers: O Camiller, do blogue Camiller's Photoblog e A MGB, dos blogues "Around these Words" e "Lokking Around" fizeram uma notável cobertura fotográfica do Sítio, e o zigoto (um simpático Tenente-Coronel reformado), do blogue "O Cacimbo" revelou-se um notávelentreteneur contando estórias de encontar (como diria o Mia Couto).
Aguardamos agora a festa da Graça que vai ser no próximo sábado.
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in Os Monos
Começaram esta manhã, pelas 07H3O, no C.E.R.N., os primeiros ensaios e testes de um conjunto de experiências que mudarão, num dia qualquer do nosso amanhã colectivo, o conhecimento que detemos sobre o inquietante universo em que vivemos.
O Large Hadron Collider (LHC), um dos maiores colisores de partículas jamais construído, está montado num tunel circular de 27 Kms (o “anel”) escavado 100 metros abaixo do solo na fronteira franco-suiça perto de Genebra. O LHC foi desenhado para acelerar partículas sub-atómicas a velocidades próximas da velocidade da luz e depois esmagá-las umas contra as outras a uma força colossal, o que irá recriar os momentos que se seguiram ao big-bang, a explosão que teria dado origem, há 13,7 milhões de anos, a toda a matéria. Dois dos vários protões disparados em direcção oposta irão colidir nas proximidades de um dos 4 detectores que regista a explosão resultante que libertará uma chuva de partículas e temperaturas 100 mil vezes mais quentes que as do Sol. Os dados registados em cada experiência equivalerão aos de uma câmara digital com 150 milhões de pixeis disparando 600 milhões de instantâneos por segundo. Os resultados serão analisados por uma rede de 60 mil computadores espalhados por todo o mundo cujos filtros rejeitarão a maior parte dos resultados ficando para análise apenas 15 petabytes (o equivalente a dois milhões de DVDs).
Entre os objectivos deste projecto a vários anos, o primeiro visa encontrar uma partícula hipotética que pode ser a chave para resolver uma das muitas questões por resolver: o que é que dá a massa ao universo.
Peter Higgs propôs, num paper de 1964 intitulado Broken Symmetries and the Masses of Gauge Bosons, a existência de um campo através do qual as partículas poderiam passar, como passa uma maçã em açucar caramelizado, arrastando consigo neste processo a massa pegajosa.
Há dois tipos de partículas elementares, os fermiões e os bosões. Deixando de lado as complicações das estatísticas quânticas e simplificando: os fermiões (quarks e leptões) têm massa; Os bosões - fotão, gluão, W e Z - são portadores de força. Ora, de acordo com a teoria prevalecente, as partículas adquirem a sua massa através de interacções com um campo transportado pelo hipotético novo tipo de bosões, o bosão de Higgs.
Para desgosto do próprio Higgs, que é ateu, o bosão de Higgs também veio a ser conhecida por “partícula de Deus”, alcunha que parece ter degenerado deGoddamn particle por nunca ter sido provada a sua existência.
Mas a questão não é descobrir se a partícula existe ou não. O importante é um certo espírito de abertura que caracteriza a demarche científica: estar sempre preparado para ser surpreendido pela natureza. O Professor Stephen Hawking considera até que seria preferível que se demonstrasse a sua não existência obrigando os cientistas a repensar as teorias vigentes. E apostou 100$ em como o Higgs não seria encontrado...
Em pano de fundo, outro dos objectivos mais ambiciosos desta experiência é descobrir novas pistas sobre a estrutura do universo. Sabe-se actualmente que a material ordinária, constituída por estrelas e planetas, apenas ocupa 4% do Universo, sendo a parte restante distribuída entre a matéria escura (23 %) e a energia escura (73 %). [Ver neste blogue: o lado escuro da vida (24-10-2006) e matéria escura (11-04-2007)]
Nada melhor do que ouvir as explicações dos próprios técnicos do CERN:
O projecto gera à sua volta uma série de controvérsias, geralmente de tom alarmista e catastrofista, como a de que virá a ser a causa do fim do mundo, já que a experiência poderia originar um pequeno buraco negro que engoliria o planeta. Porém, os grandes problemas do projecto são de nível técnico e financeiro, como os relacionados com o sistema de refrigeração e o consumo brutal de electricidade.
Esperemos que com este projecto seja dado mais um passo na luta contra o pensamento dogmático, sensacionalista e supersticioso.
Perdido,
algures em África.
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Ao contrário dos gatos, que não falam mas conversam, os burros não conversam nem falam: limitam-se a olhar e é na profundidade do seu olhar que um homem vê se as suas ideias são aprovadas ou desaprovadas. É vão todo o demais esforço para comunicar ideias: um burro tem uma compreensão aberta mas é incapaz de entender uma explicação para as coisas.
Um burro põe-nos sempre perante problemas práticos. A questão doravante era como fazer e não que fazer. Arranjar mais leite, numa época em que nem os espinhos das acácias se tinham ainda recomposto para servir de alimento às manadas? Estava fora de questão adquirir mais leite aos tuaregues. Da minha parte, iria intervalar o chá de menta com o café à turca temperado com a vagem do cardamomo. Ele que se desunhasse; a ração tinha-a já no buxo, que fizesse como os camelos: não a desperdiçasse. Dito e feito, parecia ler os pensamentos: as quatro patas abertas e bem fixadas no chão, do falo entumecido jorrou em jacto uma urina espessa, quente e espumosa que se dissipou de imediato no chão alaranjado.
Para lhe mostrar quem mandava desenrolei a extensa faixa da tagelmoust. Esperava que o meu rosto expressasse toda a raiva acumulado em sucessivos episódios de cabeça perdida. Pelo contrário, riu-se descaradamente das minhas feições purpúreas provocadas pela tinta que se depositara na cara ao longo do dia. Cedi, rindo também. Não ia desperdiçar a minha reserva de harissa para me mascarar de vermelho. Afinal de contas, é preferivel comer uma chorbabem apaladada do que mostrar a cólera a um burro.
Voltei a enrolar a tagelmoust que me deixou de fora apenas os olhos. Daí a pouco iam levantar-se os ghibli que, como um turíbulo oscilante, espalhariam por todo o lado a poeira do deserto.
Afinal sempre ficavam os olhos que se iriam gladiar como um jogo de espelhos.
(Texto enviado hoje para publicação por Perdido)