Dizem-me que escrevo demasiado a ponto de matar de tédio os meus leitores. Confesso-me culpado dessa acusação. E devo uma explicação: na vida, que entendo ser uma mão cheia de nada, só interessam os pormenores. E é porque há alguns, bons e maus, que excitam a minha atenção, respondo escrevendo sobre eles. Se sai curto, entendo que é punheta: esfregar abrasivamente o membro (mental) até jorrar uma breve cuspideira de palavras. Gosto que saia longo, profuso, demorado, com refrão, como no sexo tântrico. Assim, com palavras, devolvo à vida, que é a eternidade num instante, a atenção que merece.