SEXTA-FEIRA, 3 DE OUTUBRO DE 2008
Como despachei o Zinga
Não abdico, por isso, do meu tradutor de francês para conversar com os membros do povo do véu e junto sempre, como condimento à conversa, à noite à lareira, uns tragos de chá,e apenas uns tragos que demasiado seria recebido como rudeza e má criação. Para além de que, como sanciona a vasta sabedoria tuaregue, a água pode tornar um homem em escravo.
Foi difícil vender o Zinga à dona do palmeiral. Para que servia o burro? Se fosse uma cabra ou uma camela leiteira, ainda vai como vai. Agora, um burro?
Há uma expressão nigeriana que é o "ser tão teimoso como um tuaregue". Apreendi uma vez a conotação ligeiramente jocosa e brejeira do termo equivalente ao nosso "teimoso", que faz rir as mulheres em conlúio, e decidi usar essa descoberta, logo que pudesse, em proveito pessoal.
Estava ela a querer saber que nome eu pusera ao burro e o que queria dizer Zinga. Disse-lhe que era uma deturpação do termo "rezingão", equivalente bem humorado de "teimoso". Desataram-se todas a rir, o ambiente espaireceu e o Zinga mudou de dono sem me piscar um olho ou abanar a cauda em jeito de adeus.
Não lhes contei a razão verdadeira : pus-lhe o nome ao calhas quando estava a ler um artigo sobre o eventual envolvimento de Ratzinger na juventude hitleriana.