Um dia deixei de ver a História como um lugar decorrem os acontecimentos e cujo horizonte é o infinito. Para isso, bastou um afastamento para África durante um pouco mais de dois anos e uma estranha melodia no regresso. Uma época é qualquer coisa como uma configuração, como um puzzle que perdura estável até que um pequeno estremeção o desconfigura ou reduz a fragmentos dando o lugar a uma nova configuração. Percebi mais tarde que esta nova configuração já lá estava, só que era invisível. É que, olhando para trás, conseguimos prever o passado: estava lá tudo, só que não o sabíamos.

Os anos sessenta foram anos de promessas quase até ao fim do século: Maio de 68; Queda dos regimes autoritários e a sua substituição por democracias liberais, como a Revolução dos Cravos e o fim do franquismo; independência das colónias;  desenvolvimento científico e tecnológico; educação generalizada; melhoria das condições de vida da população. Enquanto isto se passava nos países do norte, na América Latina andava tudo às avessas: ditaduras em Cuba (1961), no Equador(1963), no Brasil (1964), na Bolívia (1964), no Chile (1973), no Uruguai (1973), na Argentina (1976)