UMAS PALAVRAS DE ADITAMENTO ÀS PALAVRAS DO GERVÁSIO

 

O pragmatismo sanchopancesco do Gervásio permite-lhe conceber e descrever a minha travessia do deserto como uma travessia de lugares comuns que, por erro e perdimento, me teria levado ao deserto. É a sua versão, que, creio, satisfará a maioria dos nossos leitores. A minha versão, que assenta no intento do meu projecto, é outra: a necessidade de me perder dos lugares comuns para, finalmente, me encontrar no deserto, me achar no lugar do despojamento.

Neste particular, o Gervásio não argumenta; ralha e tenta dissuadir - como se pôr a saúde em risco não é o que fazemos quando quotidianamente comemos ou respiramos na nossa cidade. Uns grauzitos a mais na temperatura corporal e uma estranha virose nas ramificações pulmonares são parte da circunstância das nossas existências. Mas isso já lá vai!

Como estive ausente, devo a um ror de gente agradecimentos pelos votos de um bom Natal, de umas boas passagens e, agora, de boas Páscoas. Para quem, como eu, não for dado aos rituais cristãos, mas preferir os rituais pagãos da Natureza Mãe, transformo esses votos nas boas passagens do Solstício passado e, agora, do Equinócio da Primavera.

Vou prometer não importunar mais o meu bom Gervásio, esse bom coração romanticamente monárquico, agora tão ocupado e importante com as celebrações da ida da Corte para o Brasil.